Mortandade de peixes em Três Marias

11 de abril de 2007

Francisco R. A. Neto  
 

Vista aérea parcial da represa de Três Marias

 

Cerca de sete toneladas de peixes morreram na represa da usina hidrelétrica de Três Marias no último dia 30 de março.

A mortandade aconteceu quando um imenso cardume tentava subir o Rio São Francisco e se aproximou do vertedouro da barragem. De acordo com a polícia do meio ambiente, “com o fechamento das comportas, a usina parou de verter água, formando-se então um tanque, impedindo a saída do cardume da bacia de dissipação, ocasionando a mortandade por falta de oxigênio na água”, já que não havia a renovação da água.Cerca de duas toneladas de peixes morreram nesse tanque, cuja finalidade é diminuir a força da queda d'água do vertedouro, evitando danos à estrutura da usina.

Segundo a Cemig, assim que o problema foi identificado os vertedouros foram abertos de forma a aumentar a quantidade de água e interromper a mortandade. Porém os peixes seguiram para a área da turbina número seis, que estava parada em manutenção. Um problema técnico não permitiu que fosse ligada, o que acarretou na morte de mais 5,3 toneladas de peixes, provavelmente também por falta de oxigênio.

A Cemig alegou que o volume de peixes foi inesperado para a época do ano, no período final da piracema A maior parte dos peixes mortos foi de pequeno porte, entre eles, mandis, curimatás, matrinchãs, dourados, surubins e piaus.

O Ministério Público Estadual divulgou em nota, que a Promotoria de Justiça do Rio São Francisco vai instaurar inquérito civil para apurar as causas e os fatos, mensurar o tamanho do dano ambiental "e verificar as medidas preventivas e reparatórias a serem exigidas da empresa".

A promotoria informou que requisitará a instauração de inquérito policial para apurar se houve a prática de crime ambiental. Segundo o órgão, foi "lavrado boletim de ocorrência pela autoridade policial competente, apontando que a Cemig deixou de tomar as medidas de proteção à fauna ictiológica".

A comunidade de pescadores do São Francisco é a principal prejudicada com o dano ambiental. Na região, são cerca de 1,5 mil pescadores cadastrados. O coordenador das Promotorias do São Francisco do Ministério Público mineiro, Alex Fernandes Santiago, disse que irá propor à Cemig a assinatura de um termo de ajustamento de conduta e o pagamento de indenização à comunidade atingida.

A empresa informou que vai modificar o procedimento operativo da usina para esta época do ano, quando os peixes sobem o rio.

 

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